domingo, 15 de maio de 2011

Irão adiou execução da pena que ia deixar um homem cego

O Irão decidiu adiar a execução da sentença aplicada a Majid Movahedi, um homem que atacou uma mulher com ácido sulfúrico e que hoje seria submetido ao mesmo castigo num hospital de Teerão, de acordo com os preceitos da justiça “olho-por-olho” prevista na sharia, que é a lei da república islâmica.
Ameneh foi atacada depois de ter recusado casar com Majid  (Reuters)


A agência noticiosa oficial Fars anunciou que as autoridades judiciais adiaram a execução da sentença na sexta-feira à noite, sem acrescentar mais detalhes. Segundo a jurisprudência islâmica, só a vítima pode impedir que a pena venha a ser aplicada, através da concessão de um perdão.

Movahedi, que tinha confessado o seu crime, deveria ser anestesiado para que a sua vítima, Ameneh Bahrami, pudesse regar a sua cara com ácido, para que ficasse cego e desfigurado como ela ficou.

O crime remonta a 2004. Movahedi esperou que Ameneh, uma engenheira electrónica, saísse do trabalho numa companhia biomédica, para lhe pedir que casasse com ele. Quando ela recusou, o homem atirou-lhe ácido para o rosto. “Ele tinha um recipiente vermelho na mão. Olhou para os meus olhos e atirou o conteúdo na minha cara”, contou Bahrami no julgamento, em 2008.

Movahedi foi condenado por um tribunal criminal de Teerão, que ordenou que a pena consistisse no mesmo crime de que estava acusado, conforme a sharia. Além da “qisas” (retribuição), o indivíduo foi condenado a pagar uma indemnização, que Bahrami recusou. “Façam-lhe o mesmo que ele me fez a mim”, pediu a vítima.

A execução da sentença gerou uma onda de protesto internacional, com vários governos e organizações internacionais a apelarem à clemência de Teerão, pedindo uma alteração da pena. “O ataque contra Ameneh foi um crime horrível. Porém estamos muito preocupados com o facto de a sentença poder ser posta em prática”, disse um porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros britânico.

Fonte: Público







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