terça-feira, 19 de abril de 2011

Sapos com bocas costuradas assombram prefeitura no interior de Minas

Uma inusitada história envolvendo política e magia negra tem deixado em polvorosa a população da pequena Buritizeiro, cidade do Norte de Minas, com apenas 27 mil habitantes. Na calada da noite, alguém tem colocado nas dependências da prefeitura sapos com a boca costurada ou colada. Dentro dos animais haveria papéis com o nome do prefeito e do padre Salvador Raimundo, da localidade. Um dos sapos apareceu pela primeira vez ano passado, poucos dias antes de o prefeito ser afastado do cargo por decisão de uma comissão processantes da Câmara Municipal. Por decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, no entanto, ele retornou ao cargo.

O último sapo com a boca colada apareceu na semana passada, em cima da geladeira na cozinha da prefeitura usada pelos funcionários para fazer refeições. Alguém abriu o basculante da janela e colocou o animal lá em cima. O sapo, de pele escura e porte médio, estava com a boca colada. Outros três apareceram em situação semelhante. Dois estavam nos fundos da sede da prefeitura, onde há uma horta, outro foi encontrado dentro de uma creche. Um deles tinha a boca costurada.

Para evitar a morte dos animais, a prefeitura pediu a ajuda de Mauro Fernandes da Silva, de 57 anos, que, além de guarda municipal, é um dos fundadores do terreiro de candomblé Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que existe há muitos anos na cidade. “Sou espírita e médium desde pequeno”, conta Mauro. Ele nega que o ritual de costurar a boca dos animais tenha origem na sua religião. “Isso é magia negra, é covardia. A gente não faz uma maldade desse tipo com nenhum animal”, defende Mauro.

O prefeito disse ter certeza de que o feitiço é endereçado a ele, mas garante não temer, a não ser pelos sapos. “É uma tentativa de me intimidar, mas não vão conseguir. Não acredito nisso, não faz parte da minha crendice. Mas acaba prejudicando a população, que fica um pouco assustada. Também é um crime contra a ecologia. Acho que quem faz isso não tem sensibilidade. O máximo que posso fazer é rezar para essas pessoas.”

A salvo

Para salvar os sapos, Mauro Silva disse que usa um estilete e também luvas e óculos, para se proteger do veneno disparado pelo animal quando está sem situação de perigo. “Com muito jeito para não machucar, eu abro a boca deles. Um acabou ficando com um corte pequeno na boca. Mas todos sobreviveram”, relata o guarda municipal, que depois de concluído o trabalho solta os sapos na beira de um rio. Questionado sobre o que tem sido colocado na boca dos sapos, o guarda disse não ter condições de responder. “Para isso a gente tinha de abrir a barriga do sapo e saber o que ele engoliu, e todos até agora escaparam com vida.”


do Estado de Minas


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