sábado, 23 de abril de 2011

Encenação de Páscoa na Cidade de Deus gera polêmica

Peça adapta o enredo usando a criminalidade do Rio como pano de fundo

Versão contemporânea em peça encenada na Cidade de Deus gera polêmica por usar criminalidade no Rio como pano de fundo para o enredo

 Uma das histórias mais encenadas em todo o mundo, a Paixão de Cristo será encenada até domingo (24) em uma versão capaz de gerar polêmica, numa comunidade carioca que ainda guarda as marcas da violência. O espetáculo Outra Paixão, que poderá ser visto gratuitamente na Cidade de Deus, sempre às 20h, adapta o enredo para os dias atuais, tendo como pano de fundo a criminalidade no Rio.

A montagem é da Companhia de Teatro Provocação, formada por jovens moradores de comunidades carentes da cidade. Na peça, o protagonista Messias é um jovem que tenta evangelizar dois amigos envolvidos com o tráfico de drogas.

Acusado de, ao recuperar usuários, estar diminuindo o lucro da venda de drogas, Messias acaba traído e condenado à morte por Azul, policial corrupto que fornece entorpecentes aos bandidos da comunidade. Em vez de pregá-lo na cruz, Azul mata o Messias no chamado micro-ondas, nome dado nas favelas às execuções de vítimas do tráfico, quando queimadas vivas presas a pneus.

Para o diretor Adilson Dias, idealizador do espetáculo, a intenção é humanizar a história de Cristo.

- Precisamos acreditar em um Jesus mais humano, próximo de nossa realidade.
O ator André Carvalho, intérprete do policial que executa Messias, conta que o teatro o impediu de entrar para a criminalidade.

- Perdi pai e dois irmãos para o tráfico. Mesmo indiretamente você acaba se envolvendo, mas as artes me salvaram.

Além de Jesus, personagens como Maria, Pedro e Maria Madalena também estão na história de Outra Paixão. Segundo Adilson, os ensaios duraram cinco meses e o grupo acabou optando pela encenação num Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) da Cidade de Deus, o João Batista dos Santos, na Rua Edgar Werneck, 1565.

- A ideia inicial era usar as ruas da comunidade, mas como temos réplicas de armas, achamos mais prudente um local fechado.

Nos ensaios, o grupo contou com a colaboração de policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus.

Fonte: R7

Nenhum comentário:

Postar um comentário